Propaganda barata é a marca da gestão de Adriano Silva

Observatório Urbano de Joinville
4 min readJan 18, 2024

Partido Novo debocha da população joinvilense ao propor uma comunicação que parece despretensiosa

Por Xinaider Negro

A aposta do Partido Novo em Joinville sempre foi uma maquiagem mal feita da gestão pública com uma produção comunicativa aumentando seus feitos, passando uma imagem para além do que realmente representa cada atitude. E os exemplos são vários: desde a plantação de flores, passando pelo salvamento feito pelo prefeito em um acidente ocorrido em frente a prefeitura, até a instalação de equipamentos com neve artificial durante o Natal da cidade.

Aproveitando-se dos oito anos de péssima gestão de Udo Dohler e contando com o apoio da imprensa joinvilense patrocinada pelo grande empresariado da cidade, Adriano desfruta de sua boa imagem construída com aquilo que quem entende de propaganda considera “barata”, mas que ainda encantam o grande público. Ou seja, nada de concreto ou substancial é feito, muitas vezes é até desfeito, mas o que se transmite e a maneira como se transmite, gera a impressão de que muito está sendo feita.

Nestes quase quatro anos de gestão não houve nenhuma mudança concreta em relação ao governo Udo. Houve um enfrentamento à desigualdade social? Houve aumento de acesso da população à serviços básicos e essenciais? Houve melhorias no acesso à cidade? O que vimos foi um aumento significativo e até assustador de privatizações e terceirizações de serviços públicos que irão gerar mais desigualdades e impossibilidades de todo joinvilense desfrutar de lazer, esporte, saúde e educação. Até cobrança no estacionamento do Centreventos Cau Hansen estão lutando para fazer.

Em uma cidade que tudo é pago, quem não tem condições de pagar não tem direito de aproveitar. Essa é a lógica. O que vemos foi um aumento considerável do sucateamento dos serviços públicos, do esgotamento e humilhação dos servidores públicos, da dificuldade e falta de vontade de fazer concursos públicos e um tesão desenfreado pela terceirização e privatização, como se não fosse evidente a vontade de passar o lucro público para as mãos dos amigos empresários do partido novo. Mas infelizmente, não é tão evidente assim.

A imagem de bom moço produzida durante a campanha, a fala mansa, o “Silva” no nome do herdeiro do império farmacêutico catarinense, as publis da vice-prefeita nas redes sociais, as férias em família enquanto o povo está se matando de trabalhar… Toda essa construção barata da imagem ajuda o atual prefeito e a sua gestão a ganhar simpatia da população, além de contar com um apoio fundamental: a imprensa joinvilense. Ou quem não lembra quando as merendas escolares foram terceirizadas e muitas famílias reclamaram da alteração, denunciando a regra de não poder repetir a refeição e receberam como resposta matérias tendenciosas com direito a imagem do prefeito visitando escola e mostrando o funcionamento correto?

Os exemplos são vários. Mas o último parece que foi um tiro no pé! A licitação do transporte público demonstrou que nada mudará, que as atuais empresas Gidion e Transtusa continuarão operando, ou melhor, mandando e desmandando na cidade, em troca de uma ou outra melhoria. O projeto atual de licitação é fraco, não recompõe as linhas de ônibus sequer a níveis de 2017, não tem plano de aumento e recomposição de usuários, passa ao largo sobre os debates de tarifa Zero que estão ocorrendo em todo o Brasil. É um plano ruim sob vários os aspectos. Há textos nesse Observatório que já trataram do tema de maneira mais pormenorizada. Para tentar passar alguma ideia ou imagem de mudança significativa no que o governo do Novo pensou? Exatamente, investir na propaganda barata.

Lançou nada mais que uma votação para a escolha do novo layout dos ônibus que circularão na cidade. Percebe? A estratégia é a mesma: “vamos passar uma imagem positiva da desgraça. Vamos iludir o povo abrindo uma votação sobre a mudança da imagem do ônibus para passar a ideia de que haverá mudanças no transporte público e que o povo terá o direito de decidir sobre alguma coisa”. Só que parece que essa não colou. A publicação na página da prefeitura no Instagram está repleta de comentários negativos de usuários do transporte e moradores da cidade reclamando do serviço e falando que essa escolha é uma piada para a população que precisa de melhorias significativas no transporte, principalmente em relação aos valores cobrados.

E essa visão crítica se deve aos anos de militância e manifestações feitas pelos movimentos sociais, principalmente o Movimento Passe Livre, que conscientizou durante anos boa parte da população joinvilense sobre a desigualdade produzida pela falta de acesso à cidade e sobre os lucros das empresas na exploração da cobrança das passagens de ônibus, visando apenas o lucro. Isso demonstra que quando a população tem a oportunidade de olhar criticamente para um assunto ela é capaz de questionar, reivindicar e fazer seus representantes a melhorarem suas explicações a respeito dos assuntos que interessam a todos os moradores e não caírem em propaganda barata que tenta ludibriá-los construindo uma cidade imaginada.

Poucas pessoas lembram que o avestruz coloca ovos maiores que uma galinha. Isso pelo fato que a galinha faz um verdadeiro escândalo ao colocar seus ovos. A propaganda funciona exatamente dessa maneira, berra-se mais para ser escutado e receber mais atenção, mesmo que seu produto não seja o melhor.

Não devemos nos impressionar com o barulho, mas sempre observar o que de fato está sendo feito, o que estão, muitas vezes, tentando esconder com tanta gritaria. Por trás da fala mansa, dos olhos azuis, do bombeiro voluntário de sobrenome Silva, existe o interesse de uma indústria farmacêutica amiga de outros empresários também interessados no lucro. A propaganda barata também pode ser enganosa.

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